Reconheço na maioria das pessoas uma especial apetência para produtos naturais, sendo esta designação vulgarmente atribuída a suplementos alimentares ou substâncias produzidas a partir de outras existentes na natureza.
Reconheço na maioria das pessoas uma especial apetência para produtos naturais, sendo esta designação vulgarmente atribuída a suplementos alimentares ou substâncias produzidas a partir de outras existentes na natureza.
De uma forma ou de outra, reconheço também que as pessoas, qualquer que seja a sua patologia ou sintoma, mas sobretudo quando se trata de emagrecer, gostam de se tratar com produtos que se assemelhem o mais possível a medicamentos mas que não o sejam. Há, no fundo, um receio generalizado e fundamentado de que os medicamentos, se podem fazer bem, também podem fazer mal. Mas, o que não percebem é que mesmo os naturais, desde que tenham um princípio ativo com efeitos comprovados no organismo, poderão também ter efeitos nefastos sobre o mesmo e, ao contrário dos medicamentos convencionais, estão muito pouco estudados, e são muitas vezes vendidos por pessoas que não fazem a mínima ideia do que estão a vender. Mesmo alguns chás podem ser prejudiciais, sobretudo quando se misturam com medicamentos convencionais.
Pergunto eu, os alimentos são ou não produtos naturais? Se sim, e se são eles que, por excesso ou defeito são a causa próxima de engordarmos ou emagrecermos, porque não fazemos deles o nosso remédio para tratarmos os problemas de peso? É evidente que esta é uma visão simplista do problema, mas que resulta na maioria dos casos em que o excesso de peso ou a obesidade não atingiram ainda proporções catastróficas.
O que acontece muitas vezes quando prescrevo um plano alimentar cuidado, adaptado a cada pessoa e estilo de vida é que, pese embora o meu discurso para que recorram a alimentos saciantes e pouco calóricos, no final da consulta sou muitas vezes confrontada com a pergunta: e a Dra. não me dá nada para tirar o apetite? Dou sim, já vai aqui no plano alimentar que lhe fiz e que tive oportunidade de lhe explicar. Porque tudo o que faço, explico e fundamento. E nesse contexto, tenho por muito certo que a fome é um alarme que vem incorporado no nosso organismo para nos obrigar a comer sempre que o açúcar no sangue está baixo. Fazendo a analogia com um automóvel, sempre que o “combustível” começa a escassear, há algo que nos avisa que é preciso fornecer energia à máquina. No caso do carro acende-se a luz da reserva, no nosso organismo surge a fome na forma de contrações gástricas que criam desconforto e que nos lembram que temos que comer. Os bebés não falam, mas reclamam quando o sentem pois esse é o seu instinto de sobrevivência. Basta pensarmos um pouco nisto para concluirmos que tudo está originalmente bem feito e que somos nós acabamos por estragá-lo...
Razão? Uma peça de fruta tem em média 50 Kcal e 100g de legumes cerca de 25 Kcal. Além dos legumes, a sopa contém uma razoável quantidade de água (que não tem calorias) e contribui para preencher parte da capacidade do estômago. Estes dois alimentos são muitas vezes suficientes para diminuir drasticamente a ingestão do prato “principal” e, levando este muito mais gordura que a sopa, será comido em muito menor quantidade, reduzindo-se desta forma a ingestão de calorias.
Legumes (sem gordura a temperar...) sobretudo na forma de sopa e fruta funcionam como excelentes supressores do apetite e evitam por isso a ingestão de grandes quantidades de alimentos mais calóricos. Além disso, fornecem importantes quantidades de vitaminas, minerais e fibras, desprovidos de calorias mas com um importante papel regulador no organismo.
Afinal, gostamos ou não de produtos naturais?